Nasa aprende a cultivar no espaço

Quando a NASA enviar humanos para Marte, os astronautas irão necessitar de grandes quantidades de comida para a viagem. Mas comida desidratada, congelada e pré empacotada, pode ocupar muito espaço num veículo interplanetário, considerando uma missão de 2.5 anos até ao Planeta Vermelho. Quando da ida a Marte, o peso será precioso. Quanto menos levarmos, melhor. Para além disso, nem toda a comida será super saborosa - nem fresca.

Perante este panorama, a NASA está a tentar encontrar modos de complementar a dieta dos astronautas com plantas que possam crescer no espaço ou noutros planetas. As sementes são bastante mais leves, e ocupam muito menos espaço que comida pré preparada e, neste sentido, os cientistas da NASA no Kennedy Space Center, têm feito testes no sentido de cultivar e desenvolver plantas e vegetais em ambiente que simula o espaço. Estes ambientes simulam a microgravidade da Estação Espacial Internacional (EEI), bem como de mundos com menor gravidade como a Lua ou Marte.

No Kennedy Space Center, os cientistas experimentam diferentes condições de luz e temperatura, para avaliar qual o melhor ambiente para o desenvolvimento das plantas. As condições da EEI são também simuladas, para tentar perceber quais as plantas que poderão prosperar numa órbita terrestre de baixa altitude. Em última instância, a NASA está a tentar entender como podem as plantas crescer com o mínimo possível de solo, através de métodos como a hidroponia e aeroponia, A hidroponia envolve o fornecimento de água e nutrientes às raízes das plantas, usando soluções líquidas, enquanto na aeroponia, as plantas crescem num ambiente de ar nebuloso, ou seja, extremamente húmido. Ambos os métodos dispensam a necessidade de muito uso de terra, que acrescenta peso e consome espaço precioso numa nave espacial.

A água comporta-se de modo diferente em ambientes de baixa gravidade, agrupando-se quase em torrões, de uma forma que nunca aconteceria na terra, tornando difícil a hidratação das raízes. No entanto, a NASA tem sido bem sucedida no cultivo de vegetais na EEI através do sua experiência Veggie. Através desta pesquisa tem sido possível aos astronautas cultivarem - e comerem - plantas durante a sua presença na EEI. A primeira experiência tem implicado o cultivo de alface (do tipo romana vermelha), numa espécie de almofadas de argila em detrimento do solo comum.

Os cientistas estão interessados na possibilidade de, no futuro, usarem solo interplanetário para o cultivo de plantas. Contudo, o “solo” encontrado na Lua e em Marte não se pode considerar realmente solo; é regolito, uma camada solta de material e sedimentos provenientes de rochas e cinza vulcânica, onde não abundam materiais orgânicos. E o regolito de Marte não é propriamente limpo. Os veículos (rovers) na superfície de Marte detectaram um tipo de sal, conhecido como perclorato, que pode ser tóxico para os humanos se consumido em determinada quantidade. É possível aos astronautas limparem o regolito com soluções químicas, ou determinados tipos de bactéria, mas o método ainda não está suficientemente comprovado.

O domínio do cultivo de plantas no espaço e noutros planetas, será importante para as tripulações que irão viajar em missões de longa duração para fora do nosso planeta. Uma dieta rica em vegetais é fundamental, não só em termos nutricionais, mas o consumo de legumes e vegetais pode ser importante para baixar os níveis de stress de astronautas com saudades de casa. “ Ouvimos de muitos astronautas o seguinte comentário: ‘pensei que iria querer um cheeseburger ou uma pizza assim que regressasse, mas o que realmente queria era uma salada fresca’”. Quem o diz é Gioia Massa, cientista da NASA que, no Kennedy Space Center, tem vindo a estudar a produção de comida no espaço. E acrescenta, em declarações ao site The Verge : “Pensamos que ter essas texturas frescas, suculentas e crocantes incluídas na dieta deles, pode ser muito importante”.


Fonte: The Verge